A pandemia derrubou o mercado de trabalho dos EUA. Mesmo que o país tenha recuperado parte dos empregos destruídos com a crise, a realidade é que a recuperação ainda está longe de atingir o patamar de 2019 (primeiro gráfico).

Se a recuperação foi forte em abril e maio de 2020, a mesma perdeu força nos meses subsequentes, sendo que em dezembro chegou a ter uma destruição de 140 mil postos de trabalho (segundo gráfico). Isso indica que novas rodadas de auxílio deverão ser realizadas por parte do governo.

O Fed (Federal Reserve) já manifestou seu compromisso de manter os juros em 0% e também a compra de ativos do mercado financeiro até que a economia volte ao ritmo de antes. O mesmo deve acontecer com a política fiscal, visto que o congresso chegou a um acordo para um pacote de estímulos de U$ 900 bilhões.
Se do lado real da economia temos o sinal de que as coisas ainda demorarão para retornar ao normal, pro lado dos mercados financeiros os resultados geram certa animação, visto que juros baixos são incentivos para mais riscos. Isso deve jogar mais dinheiro nas bolsas de valores e, consequentemente, inflar os preços dos ativos.
O contexto da política econômica dos EUA também pode impactar economias emergentes, como o Brasil. A manutenção dos juros baixos por lá é uma força a menos contra o Real, o que pode atrair investimentos em ativos financeiros.
Este cenário gera oportunidades mas também riscos, uma vez que os mercados financeiro e real nem sempre andam juntos. Os preços dos ativos financeiros refletem expectativas futuras quanto a produção, lucros e juros. Caso a precificação seja realizada com base num futuro diferente do que um dia será revelado, efeitos adversos deverão vir à tona, via correção dos preços dos ativos lá na frente.
Assim, deve-se ter cuidado com cenários em que 1) os juros aumentem antes do esperado e/ou 2) a recuperação econômica ocorre aquém das expectativas. Prudência e gestão de risco é a recomendação mais sensata neste momento (quiçá em todos).